06/10/2017 10h45min - Geral
7 anos atrás

Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares ganha Nobel da Paz 2017

Prêmio Nobel

Denis Balibouse/ Reuters ► Beatrice Fihn, Diretora Executivo da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican), recebe garrafa de champanhe do marido após anúncio do prêmio Nobel de 2017.

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação


A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican, sua sigla em inglês) ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2017. O anúncio da premiação foi feito na manhã desta sexta-feira (6), em Oslo, na Noruega. A organização foi premiada por chamar a atenção para as consequências catastróficas do uso de armas nucleares e pelos seus esforços inovadores para conseguir a proibição do uso dessas armas. A Ican reúne mais de 400 entidades e ONGs com representação em mais de 100 nações. "Nós vivemos em um mundo onde o risco de armas nucleares serem usadas é maior do que tem sido há muito tempo", disse Berit Reiss-Andersen, líder do Comitê Norueguês do Nobel, ao anunciar o ganhador no Nobel da Paz. A premiação ocorre em um momento em que vários países estão modernizando os seus arsenais, como a Coreia do Norte. A líder da associação, Beatrice Fihn, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano Kim Jong-Un devem saber que armas nucleares são ilegais. Ao responder ao pedido de dar uma mensagem aos dois líderes, ela foi enfática, segundo a Reuters. "As armas nucleares são ilegais. A ameaça de usar armas nucleares é ilegal. Ter armas nucleares, desenvolver armas nucleares é ilegal. Eles precisam parar", declarou Fihn. Ao receber o telefonema que lhe comunicou o prêmio, Beatrice Fihn disse ter ficado "em choque" com a notícia. "É incrível, uma honra", declarou. A ativista é uma das três pessoas que trabalham em um pequeno escritório em Genebra, a sede da Ican. A organização, que começou na Austrália, foi lançada oficialmente em Viena em 2007. Na quarta-feira (4), a ativista chamou Trump de idiota no Twitter. Nesta sexta, ela afirmou que estava arrependida, mas fez uma ressalva. “Eu acho que a eleição do presidente Donald Trump fez muitas pessoas ficarem muito desconfortáveis com o fato de ele sozinho poder autorizar o uso de armas nucleares", afirmou, de acordo com a Associated Press. Daniela Varano, porta-voz da Ican, disse à Reuters que a organização ficou muito entusiasmada por ter ganhado o prêmio. "É um grande reconhecimento para o trabalho que fizeram os ativistas ao longo dos anos e especialmente o Hibakusha (como são chamadas as pessoas afetadas pelas bombas atômicas no Japão). Esse testemunho foi crítico, crucial e para um sucesso tão surpreendente", afirmou. Tratado global Tratado Global para Proibir as Armas Nucleares foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), porém as potências nucleares têm se mantido à margem desse processo, como os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido). Ele proíbe o desenvolvimento, testes, produção, fabricação, aquisição, posse ou armazenamento de armas nucleares. O tratado foi aberto para assinaturas no dia 20 de setembro e entrará em vigor 90 dias depois que 50 países – dos 122 que votaram – o ratifiquem. O prêmio é anunciado ainda em um momento em que, além da guerra verbal que Trump trava com a Coreia do Norte, o governo americano ameaça revogar o acordo nuclear com o Irã – a quem Trump acusa de não estar cumprindo os termos do acordo. Em seu discurso de estreia na assembleia-geral da ONU deste ano, o americano classificou o acordo como vergonhoso. "O acordo com o Irã é uma das piores transações (...) Francamente, este acordo é uma vergonha para os Estados Unidos." Em 15 de outubro, Trump vai se pronunciar no Congresso americano se ele considera que Teerã respeita seus compromissos, como indicado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Veja os vencedores de 2017: Literatura: escritor Kazuo Ishiguro, de 62 anos. Química: trio Jacques Dubochet (suíço), Joachim Frank (alemão) e Richard Henderson (escocês) por uma série de melhorias que revolucionaram a observação de biomoléculas. Física: Rainer Weiss, alemão naturalizado americano, e Barry Barish e Kip S.Thorne, cientistas nascidos nos Estados Unidos, ganharam o prêmio pela observação de ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein há mais de 100 anos. Medicina: os norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young levaram o prêmio por suas descobertas no ritmo circadiano, o relógio biológico interno dos seres vivos. O prêmio de economia será anunciado na segunda-feira (9). G1