07/08/2014 10h02min - Geral
11 anos atrás

Pessoas com medo de aranha têm área do cérebro menor

Medo

G1 ► Estudo comprovou que pessoas com medo de aranha têm área do cérebro menor

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação


A publicitária Mariana Dechandt, de 28 anos, não esconde o pavor que sempre sentiu por aranhas. Bastava ver um animal da espécie, pequeno que fosse, em cima da mesa de trabalho, entrava em pânico. Suava frio, tremia, ficava sem ar, gritava e chorava sem parar. Perdia o controle e a noção do perigo. Só após o tratamento psicoterápico, descobriu que as sensações não eram de um medo qualquer, mas de um tipo de transtorno de ansiedade. “Eu sentia muita vergonha. As pessoas me zoavam, achavam que era exagero, drama, já ouvi muito isso. Ninguém acreditava.” Mariana não é a única a enfrentar esse tipo de julgamento. O psiquiatra José Alexandre Crippa, professor da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (SP), explica que a maioria das pessoas que sofre algum tipo de fobia é mal interpretada. Uma pesquisa inédita coordenada por ele comprovou que existe uma causa fisiológica - e não só psicológica - para o problema. O estudo constatou que pessoas com fobias simples possuem uma área do cérebro menor do que aquelas que não sentem qualquer tipo de medo. “Isso não é manha, não é fraqueza de caráter, não é preguiça, não é personalidade fraca. Existe uma base biológica, que parece justificar o desenvolvimento desse transtorno. Parece que existe uma causa neurobiológica que contribui para o desenvolvimento da fobia”, afirmou Crippa, destacando que foram pesquisados dois grupos de voluntários com idade, escolaridade e nível socioeconômico equivalentes, um era formado por pessoas com medo de aranhas e outro sem nenhum tipo de transtorno. Na primeira parte da pesquisa, os voluntários foram colocados em plataformas muito sensíveis ao movimento, em frente a uma tela, onde eram projetadas imagens comuns, depois de situações que causam repulsa, como acidentes de trânsito, e, por fim, fotos das aranhas. “Na hora em que elas viam as imagens de aranha, era como se elas quisessem fugir e o balanço delas na plataforma era muito maior”, disse Crippa. Na segunda etapa, decisiva para o resultado da pesquisa, os grupos foram submetidos a exames de ressonância magnética para verificar o volume das áreas do cérebro. O resultado é que uma região chamada cíngulo anterior do córtex, localizada atrás do lóbulo frontal e responsável pelas emoções, é menos espessa em pessoas com fobia. “Essa área, classicamente, está associada a processos cognitivos de medo e ansiedade”, explica.