Osvaldo Duarte ► Ontem a PF realizou um arrastão em todos os gabinetes da câmara
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: A Gazeta News
Após a prisão de 5 dos 13 vereadores, incluindo o presidente da Câmara de Vereadores, a Casa de Lei de Naviraí, localizada a 359 quilômetros de Campo Grande, funciona normalmente na manhã desta quarta-feira (9). O clima é de incerteza no local.
Na Câmara, há apenas os servidores públicos comissionados e concursados, sem a presença de político. Não há informações se hoje haverá sessão.
Sobre a Operação realizada no local, onde computadores e papéis que estavam em alguns gabinetes foram apreendidos, não foi comentado. A equipe do Jornal Midiamax procurou pela assessoria do Poder Legislativo local, porém não conseguiu contato.
Operação Atenas
Foram cumpridos os dez mandados de prisão, sendo sete preventivas e três temporárias, expedidos pelo Judiciário de Naviraí na manhã desta quarta-feira (8). Conforme informações da PF (Polícia Federal) e do MPE (Ministério Público Estadual), cinco são vereadores e os outros cinco empresários. Eles foram encaminhados para a sede da polícia.
O delegado responsável pela investigação ressaltou que a Operação Atenas iniciou-se em novembro de 2013, após denúncias de pessoas que estavam sendo contratadas para o cargo de comissionados a partir de consignação salarial.
Mesmo esquema era praticado com empresários a que tinham interesse em abrir estabelecimentos comerciais em Naviraí.
Um dos exemplos dados pelo delegado é que um comissionado contratado com salário de R$ 2 mil era obrigado a repassar R$ 500 para o vereador que fez a nomeação, sob coação de ser demitido.
Assim também funcionava com os empresários que deviam passar parte do faturamento aos parlamentares. “Não é uma investigação política, até porque, os vereadores detidos fazem parte de diferentes partidos. A investigação é sobre extorsão e fraude da máquina pública”, frisa o delegado federal.
Pelo menos 28 pessoas foram encaminhadas coercitivamente à delegacia para prestar esclarecimentos durante a ação, que cumpriu 40 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos 27 carros, motocicleta, barco, quatro armas de fogo e dinheiro, cujo valor não foi divulgado. Além disso, lojas e postos de combustíveis foram interditados.
Durante a coletiva, o delegado informou que estes estabelecimentos interditados faziam parte do esquema de lavagem de dinheiro. “Alguns deles pertencem aos parlamentares, outros a pessoas próximas dos vereadores”, revela e completa, “há indícios de terem recebido verba pública desviada, porém tudo isso ainda está sendo investigado”.
Prisões
Durante a operação, houve prisões em flagrante por porte ilegal de arma, porém não foi informada a quem elas pertenciam.
Dos vereadores levados pela PF até a sede está o segundo secretário da Câmara, Adriano José Silvério (PMDB), Marcus Douglas Miranda (PMN), Solange Melo (PSDB) e o presidente da Casa de Leis, Cícero dos Santos (PT), conhecido como “Cicinho do PT”. Apenas um edil não teve o nome divulgado.
A esposa do presidente da Câmara de Vereadores e empresária Mainara Malinski, conhecida como “Mainara Bogdana”, também chegou em uma das viaturas da PF. A butique dela é uma das lojas interditadas pela PF.
“A corrupção destes políticos é devida à ganância, e isso é claramente visto nos investimentos que faziam em imóveis. Eles contavam com parceria de empresários para lavar o dinheiro”, ressalta o delegado da PF.
Investigação
A PF não descarta que parte do dinheiro desviado do erário também foi usada na campanha durante as eleições realizadas neste ano. “Tudo isso está sendo investigado cautelosamente, como disse, a conotação não é política, por isso a operação não foi deflagrada antes da eleição para que não houvesse interferência relacionando a ação policial, com parceria do MPE e respaldo do Poder Judiciário, com o beneficiamento ou não de certos políticos”, explica.
Dois vereadores, que estão presos, chegaram a disputar o pleito para deputado estadual, porém não ganharam as eleições. Dias antes da votação, o assessor de um deles foi preso com o montante de R$ 19 mil e a denúncia era que o valor seria para a compra de votos.
“Isso também será investigado, se este dinheiro fazia parte do esquema de desvio de verbas ou propinas”, comenta.
A investigação apura crimes de formação de quadrilha e corrupção, extorsão contra o Poder Executivo praticados em prejuízo dos cofres públicos de Naviraí.
A partir disso, a polícia tem em mãos diversas escutas telefônicas, autorizadas judicialmente, a respeito do esquema ilícito. “Este conteúdo ainda está em poder do Judiciário e não pode ser divulgado. A investigação tem dia para começar e não para terminar”, finaliza o delegado.
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