CGNEWS ► Cicero tirra sarra das pessoas que ele envolveu no golpe
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
O mato-grossense Cícero Vicente Lescano de Oliveira, 35 anos, é acusado de utilizar o WhatsApp para aplicar o golpe do programa Minha Casa, Minha Vida, em 18 famílias de Campo Grande.
Após ser descoberto, o estelionatário utilizou o aplicativo e as mídias sociais para debochar das vítimas. Ele as chamou de “idiota”, “trouxas” e até tirou sarro com a proposta de fazerem rifas para pagar um advogado.
O pior de tudo é que a Polícia Civil ainda não tem pistas do paradeiro do golpista, que já fez vítimas no Mato Grosso. Em Mato Grosso do Sul, o número de golpes pode chegar a 30.
No entanto, na tarde da quarta, a delegada Célia Maria Bezerra da Silva, informou que 18 golpes foram registrados, sendo sete na 4ª Delegacia de Polícia das Moreninhas e 11 na 7ª DP , no Bairro Santo Amaro.
Inicialmente, Oliveira se apresentou como Renato Vicente. Morando em hotéis, fã de pagode e frequentador das casas noturnas na Capital, ele recorreu ao aplicativo WhatsApp para fazer as vítimas. Ele se apresentou como funcionário e gerente da Caixa Econômica Federal.
Inicialmente, prometeu uma casa para quem encontrasse outras pessoas em um grupo no aplicativo que tivessem o mesmo sonho da casa própria. Na Moreninhas, ele faturou R$ 28 mil com o golpe, sendo que cobrou R$ 4 mil de entrada de cada vítima.
A farsa incluiu até apresentação de uma das casas do Conjunto José Maksoud, nas Moreninhas, na saída para São Paulo. De acordo com uma das vítimas, uma auxiliar de escritório de 24 anos, ele chegou a levar uma suposta cliente ao residencial, onde abriu uma casa e apresentou os cômodos.
Outras sete pessoas pagaram R$ 3,5 mil (R$ 500 cada) para o estelionatário na esperança de conquistar um apartamento no Residencial Leonel Brizola, na Vila São Pedro, às margens da Avenida Nasri Siufi.
De acordo com a delegada, o golpista abusou da boa fé das pessoas, que eram de baixa renda e humildes, com pouca instrução.
Todas pagam aluguel e sonham com a casa própria. Segundo a Secretaria Estadual de Habitação, 80 mil famílias fazem parte da lista de espera por uma moradia no Estado.
Abusado
Após ser descoberto, Cícero de Oliveira se apresentou com o nome verdadeiro para as vítimas. Ele se exibe com correntes de ouro, relógios caros e em banquetes regados a bebida alcoólica nas baladas.
As vítimas só descobriam que caíram em um golpe quando marcaram para pegar as chaves e repassar a segunda parcela, de R$ 3,5 mil. O golpista não apareceu nos lugares marcados.
Além do projeto de realizar o sonho da casa própria virar pó, as vítimas começaram a viver um outro pesadelo.
De acordo com Célia, muitas fizeram empréstimo e contaram com a ajuda de parentes para pagar a primeira parcela do acordo, que foi de R$ 500 e R$ 4 mil.
A auxiliar administrativo contou que o estelionatário debochou das vítimas sem dó. “Dinheiro de trouxa é trocado de malandro”, postou no grupo do WhatsApp.
“Deu bobeira, agora chupa”, citou em outra postagem, mas com uma foto do seu órgão genital. Em outra fotografia ele mostra perfumes da marca Boticário, e debocha: “Eu com Boticário e vocês só no Avanço, seu bando de pobre”.
Em outra, ele disse que “iria devolver o dinheiro em nome de Deus, se quiser acreditar, acredite”.
A primeira vítima do golpista virou alvo das outras pessoas que caíram no conto do vigário.
Ela chegou a registrar boletim de ocorrência de que foi ameaçada pelas pessoas que também entraram no golpe incentivadas por ela . Por enquanto, a polícia investiga qual é a real participação dessa pessoa no golpe.
Segundo a delegada, ela vai pedir a prisão preventiva do acusado. A Polícia Civil de outros estados também será acionada para tentar localizar Cícero Vicente Lescano de Oliveira.