02/05/2017 13h12min - Geral
8 anos atrás

Corpo de Belchior é sepultado em Fortaleza


TV Verdes Mares ► Sepultamento do cantor Belchior teve a presença da família e de alguns fãs.

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação


O corpo do cantor e compositor Belchior foi sepultado no cemitério Parque da Paz, em Fortaleza, por volta das 10 horas da manhã desta terça-feira (2). Dois filhos, irmãos, entre outros familiares, participaram da cerimônia, que, inicialmente fechada aos parentes, acabou contando com a presença de alguns fãs. Bastante emocionada, a mulher de Belchior, Edna Prometheu, foi amparada em cadeira de rodas. As músicas do cantor e compositor mais uma vez foram cantadas pelos fãs. Conduzido por oficiais do Corpo de Bombeiros, o caixão com o corpo de Belchior foi muito aplaudido na chegada ao cemitério. "Cresci ouvindo Belchior por causa do meu pai. Acho que eu vim mais por ele também, que não pode estar aqui, então, a gente veio aproveitar e trazê-la para compreender um pouco mais esse momento. A música dele é meio que trilha sonora para mim.", disse a fã Naiana Carvalho, fotógrafa, que levou a filha ao sepultamento. Mais de 8 mil pessoas se despediram de Belchior nas 24 horas em que o corpo foi velado no Teatro São João, em Sobral, cidade natal do cantor, e no hall do teatro do Centro Cultural Dragão do Mar, no Bairro Praia de Iracema, em Fortaleza, entre as 8 horas de segunda-feira (1º) até cerca de 7h desta terça (2). Após a missa de corpo presente, que começou por volta das 7h, o corpo foi levado em um carro do corpo de Bombeiros ao cemitério. A missa foi celebrada no palco do anfiteatro do Centro Cultural, enquanto o público fazia orações na arquibancada. Um grupo de músicos cearenses, amigos de Belchior, fez uma última homenagem ao cantor cantando as canções dele. Horas antes do início do velório em Fortaleza, fãs chegaram ao Centro Dragão do Mar vindos, inclusive, de outras cidades. Durante toda a tarde, promoveram um encontro cheio de homenagens e música. Sobral O primeiro momento do velório ocorreu em Sobral, a 240 km da capital, e terminou pouco mais de 11h30 desta segunda-feira (1º) com aplausos e uma chuva de pétalas na saída do Teatro São João, no Bairro Centro. Em seguida, o corpo foi levado para Fortaleza. Antes mesmo da abertura do teatro, fãs já faziam fila na praça em frente. O prédio foi decorado, na fachada, com desenhos do rosto do cantor e um fragmento de uma de suas músicas. Fotos da trajetória do cearense foram projetadas no palco, enquanto os fãs subiam para se despedir do ídolo ao som de suas canções. O corpo de Belchior chegou a Sobral às 7h40 desta segunda, em um voo fretado pelo governo cearense que partiu do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por volta da 1h da madrugada. Morte Belchior foi encontrado morto em casa no domingo, em Santa Cruz do Sul (RS), aos 70 anos. Ele vivia na cidade de 126 mil habitantes do Vale do Rio Pardo, a cerca de 150 km de Porto Alegre, com a mulher, que o encontrou morto. Ela disse à polícia que Belchior não tinha problemas de saúde nem tomava medicamentos. Ele se sentiu mal na noite de sábado, se queixou de muito frio à esposa e disse que ia descansar no sofá da sala, onde ele costumava ficar para fazer suas composições, segundo vizinhos. Segundo amigos, o artista vivia há quatro anos em Santa Cruz do Sul – dos quais cerca de dois anos na casa onde morreu, cedida por um amigo. Belchior continuava compondo, embora não tivesse planos de fazer shows ou gravar discos, e traduzia suas canções e a obra de Dante Alighieri. O governo do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza decretaram luto oficial de três dias pela morte do artista. Uma análise preliminar indica que o cantor cearense morreu em razão do rompimento da artéria aorta, segundo a delegada Raquel Schneider. Ela falou com o médico do IML da cidade de Cachoeira do Sul, responsável pela necropsia em Belchior. De lá, o corpo do cantor foi levado para Venâncio Aires para ser embalsamado. Vida e obra Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes – "um dos maiores nomes da música popular", como brincava ao se apresentar – nasceu em 26 de outubro de 1946 e foi um dos ícones mais enigmáticos da música popular no Brasil, com quase 40 anos de carreira. (veja no vídeo acima homenagens de artistas ao cantor) Na infância no Ceará, Belchior estudou piano e música coral, e trabalhou no rádio em sua cidade natal. Seu pai tocava flauta e saxofone, e sua mãe cantava em coro de igreja. Mudou-se em 1962 para Fortaleza, onde estudou Filosofia e Humanidades. Também chegou a estudar medicina, mas abandonou o curso em 1971 para se dedicar à música. Começou apresentando-se em festivais pelo Nordeste e teve o primeiro sucesso nos anos 70 ao lado de Fagner, com a faixa "Mucuripe". Depois do sucesso da canção, mudou-se para São Paulo, onde compôs trilhas sonoras para filmes e passou a fazer shows maiores e aparições em programas de televisão. Homenagem do público na despedida do cantor e compositor Belchior Em 1974, lançou seu primeiro disco, "A palo seco", cuja música título se tornou sucesso nacional e ganhou versões ao longo da história, como a de Oswaldo Montenegro e da banda Los Hermanos. Com o disco "Alucinação" (1976), lançou clássicos como as faixas "Apenas um rapaz latino-americano", "Velha roupa colorida" e "Como nossos pais" – essa última se tornou conhecida na voz da cantora Elis Regina, que foi uma das maiores intérpretes das composições de Belchior. Além de "Como nossos pais", gravou "Mucuripe", "Apenas um rapaz latino-americano" e "Velha roupa colorida". Outros artistas também regravaram sucessos de Belchior, entre eles Roberto Carlos ("Mucuripe") e Erasmo Carlos ("Paralelas"), Engenheiros do Hawaii ("Alucinação"), Wanderléa ("Paralelas") e Jair Rodrigues ("Galos, noites e quintais"). Em 1982, o cantor lançou "Paraíso", que tem participações dos então jovens artistas Guilherme Arantes, Ednardo Nunes, Jorge Mautner e Arnaldo Antunes. Fundou sua própria gravadora e produtora, a Paraíso Discos, em 1983. Ao longo da carreira, Belchior teve mais de 20 discos lançados. G1