Marina Pacheco ► João Alfredo é o candidato do PSOL para o cargo de governador do Estado
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
As declarações do candidato do PSOL ao governo do Estado, João Alfredo, durante a rodada de entrevistas promovida pelo Campo Grande News provocaram racha no partido.
Em nota à imprensa, duas correntes dentro do partido se manifestaram contra as ideias do candidato, alegam que ele trai princípios da legenda e por isso vão acionar a direção nacional do PSOL.
Durante a entrevista, publicada nesta quarta-feira (19), o candidato afirma ser da ala "esquerda racional" do partido e diz não ser a favor de algumas das pautas apresentadas pelo PSOL nacional. “É a questão do aborto, a questão da descriminalização das drogas.
Somos contra a invasão de terras. Somos a favor de regularização fundiária através de desapropriações amigáveis. Nós temos 357 mil quilômetros quadrados no Estado. Temos terra para todo mundo” foi a resposta que provocou polêmica entre as duas correntes psolistas.
No texto enviado à redação, o Núcleo Anticapitalista do PSOL Campo Grande e o Núcleo Popular do partido em Dourados dizem que "o candidato se colocou expressamente contra bandeiras históricas do PSOL e da esquerda socialista.
Repudiamos seu posicionamento e afirmamos que ele não representa a totalidade do partido. Por isso, não reconhecemos a legitimidade da candidatura e levaremos às instâncias nacionais do partido as divergências e diferenças do candidato com as pautas do PSOL".
"Defendemos as candidaturas majoritária do PSOL ao Senado e as proporcionais, nas quais temos representantes em várias cidades", completa a nota.
O coordenador do Núcleo Anticapitalista do Psol na Capital, Henrique Nascimento, diz que o nome de João Alfredo já era reprovado por ele não apoiar a chapa formada por Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, candidatos à Presidência da República e vice, respectivamente. "O representante à Presidência é líder de movimento por direito a moradia, por direito a terra.
A vice é representante dos movimentos de retomada dos territórios originais, não usamos o termo invasão. Ele [João Alfredo] está falando da cabeça dele, não representa uma totalidade dentro do Psol. É um absurdo, vamos levar para as instâncias nacionais", afirma.
Franklin Schamlz, integrante do núcleo de Dourados, também critica a postura do candidato. "Infelizmente não foi possível fazer o processo democrático de escolha.
Somos contrários ao nome dele e devemos procurar o Conselho de Ética do partido para fazer uma denúncia formal por ser contra as bandeiras nacionais que o partido defende. Para gente é uma grande contradição", diz Schamlz. Segundo ele, a mesma nota foi encaminhada para a direção nacional do partido.
Lucien Rezende, presidente regional do PSOL, afirma que o movimento contra a candidatura de João Alfredo não atrapalha e representa a minoria dentro do partido. "São 10% do partido. Dentro do Psol tem correntes e o candidato não é da corrente deles", afirma.
O dirigente cita que a campanha está ganhando musculatura e classifica a posição dos grupos como "ciúmes e vaidade". "Cachorro morto ninguém chuta. Sabíamos desde o congresso do ano passado passado. Ali já declararam que não apoiariam", afirma sobre a escolha de João Alfredo na convenção do partido.
O que diz o candidato - Procurado, João Alfredo diz que o "movimento contra" não atrapalha a campanha ao governo do Estado. "Temos um posicionamento firme, transparente e concreto. Isso em momento algum não tira nosso apoio da candidatura da majoritária do Boulos e e da Guajajara", afirma.
"Em todos os lugares tenho dito que temos posicionamento divergente de correntes internas. É uma insurgência da extrema esquerda do PSOL", classificou.
Não é a primeira vez que ele é contestado dentro do partido. A coluna Jogo Aberto já havia publicado que João Alfredo não é unanimidade na legenda por ter declarado, durante uma reunião, não apoiar Guilherme Boulos. À época, ele disse que esse posicionamento era anterior à filiação do atual candidato da legenda ao PSOL.