Agência Brasil/Arquivo ► Integrantes da futura bancada de MS na Câmara Federal dependeram de soma dos votos de partidos e coligações, além do próprio desempenho, para chegar a Brasília.
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
Nenhum dos oito deputados federais eleitos de Mato Grosso do Sul conseguiu chegar à Câmara dos Deputados com a própria votação, sendo necessário contabilizar o total de votos das legendas e coligações a fim de atingir o quociente eleitoral –número mínimo para se garantir uma das vagas. Nesta eleição, cada vaga na Câmara demandou pouco mais de 155 mil votos.
Todas as vagas de deputado federal do Estado foram preenchidas por meio do quociente partidário e cálculo de média. No primeiro caso, o valor envolve a soma dos votos que cada partido ou coligação atingiu (seja por meio dos seus candidatos ou via voto de legenda) dividido pelo quociente eleitoral. O resultado final da conta deve desprezar a fração, indicando quantas cadeiras cada chapa conseguiu.
Já a média (ou cálculo das sobras) vai preencher eventuais cadeiras sobressalentes. Mais complexa, essa definição ocorre pela divisão do número de votos do partido ou coligação pelo de vagas atingidas com o quociente partidário mais uma cadeira. A chapa ou partido com o maior quociente médio fica com a primeira vaga da “sobra”.
Definida esta primeira, o cálculo é refeito, agora somando à vaga recém-conquistada (que vai somar ao divisor a vaga conquistada). O cálculo vai sendo repetido até que todas as vagas remanescentes sejam preenchidas.
Foram tais critérios que permitiram à chapa Avançar com Responsabilidade IV (PSDB, Patriota, PSD, PMB, DEM e PP) eleger quatro dos oito deputados federais, incluindo os quatro mais votados: Rose Modesto (PSDB, 120.901 votos), Fábio Trad (PSD, 89.385 votos), Beto Pereira (PSDB, 80.500) e Tereza Cristina (DEM, 75.068 votos), esta última eleita pela média. A chapa fez 528.268 votos.
Com duas cadeiras conquistadas, a Avançar com Responsabilidade V (PSL, PPS, Pros, SD, PSB, PTB, Avante e PMN) totalizou 261.732. Foram eleitos Loester Carlos (o Tio Trutis, com 56.339 votos) e Luiz Ovando (50.376), ambos do PSL –partido do presidenciável Jair Bolsonaro que, considerando-se o voto na legenda (isto é, no partido, e não nos candidatos), teve mais de 20 mil, o maior quantitativo em relação aos partidos isoladamente.
Vander Loubet (PT) fez 55.970 votos, ficando com a vaga reservada para a legenda cujos candidatos e a legenda, juntos, fizeram 140.890 votos em Mato Grosso do Sul.
Já o PDT viu Dagoberto Nogueira se reeleger com 40.233 votos. A coligação do partido, que contava ainda com Podemos e PRB, totalizou 130.094 votos.
Vander, Ovando e Dagoberto também foram eleitos por meio do cálculo de média partidária.
Fora – O cálculo dos quocientes e sobras distribuem as vagas por coligação ou partido, o que, como consequência, faz com que candidatos mais votados fiquem sem um mandato. Neste ano, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) foi atingido pelo critério: mesmo depois de obter 61.675 votos, ficou sem uma das vagas.
Com a candidatura impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ex-prefeito Alcides Bernal (PP) também seria atingido pelo critério: ele teve 46.674 votos, ficando à frente de Dagoberto.
Em 2014, apenas um deputado federal se elegeu “sozinho” em Mato Grosso do Sul: com 160.556 votos, Zeca do PT foi o parlamentar estadual mais votado naquele ano. Em 2018, ele disputou o Senado, atingindo 294.059 votos, ficando em quinto lugar no geral.
Nacionalmente, reportagem da Agência Brasil aponta que diminuiu o número de eleitos que não precisaram de votos da legenda ou coligação para atingir o quociente eleitoral na comparação com as últimas eleições. Neste ano, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) apontou que foram os 27 deputados federais que chegaram à Câmara apenas com os votos próprios –contra 35 em 2014 e 36 em 2010.