Henrique Kawaminami ► Movimentação de viaturas no Garras
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
Um família de Mato Grosso do Sul é um dos alvos da operação em combate ao tráfico de armas e munições para o Rio de Janeiro, realizada na manhã desta segunda-feira (3) nos dois estados.
Segundo a polícia, o grupo era responsável por produzir os compartimentos ocultos nos carros que levariam os armamentos para a capital fluminense.
Em cerca de um ano de investigação, equipes da Desarme (Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos) descobriram esquema para o envio de milhares de munições e centenas de armas de fogo do Mato Grosso do Sul para o Rio de Janeiro. A quadrilha, segundo a polícia, funcionava em dois núcleos.
No Rio de Janeiro, ficavam os responsáveis pela compra dos armamentos. Os suspeitos chegavam a viajar para a fronteira frequentemente para “organizar” o esquema. Na capital fluminense, vendiam o material para traficantes, milicianos e contraventores. Os carregamentos eram enviados ao Rio a cada 15 dias, com cerca a 6 a 11 mil munições.
Já o núcleo de Mato Grosso do Sul era o responsável pelo transporte das armas. Segundo o promotor Jorge Furquim, do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado), os envolvidos no esquema tinham pleno conhecimento das estradas da região e contato com pessoas especializadas na produção dos mocós - como são conhecidos os esconderijos feitos nos carros.
As investigações identificaram ainda que esse trabalho era feito por uma única família. “Dos que tiveram a prisão decretada, quatro são irmãos”, detalhou. “Os mocós feitos pelo grupo eram perfeitos que mesmo em vistoria minuciosa era difícil de achar. Nas buscas, policiais rodoviários federais tinham que destruir parte dos carros para chegar as munições”.
Ainda conforme Furquim, foi a prisão de um dos irmãos, identificado apenas como Sidney, que iniciou as investigações sobre o esquema. Com o homem preso, outros dois irmãos assumiram os “negócios da família”. “O Audinei e a Suelen tomaram o lugar do irmão deles, o Sidney, que foi o primeiro a ser preso em Taguaí, que foi o que deu origem a essa investigação”.
No transporte de uma dos carregamentos, Suelen foi abordada por policiais no caminho ao Rio de Janeiro. Na época ela estava com a filha bebê e afirmou que estava indo para São Paulo passar por uma consulta médica. A versão não convenceu e os policiais apreenderam três pistolas e várias munições.
Ainda assim, a mulher foi liberada, mas virou alvo das investigações. “A razão pela qual a gente está pedindo a prisão dela, querendo que ela fique acautelada, porque nesse caso, apesar da gente ter uma lei modificada recentemente, da última decisão do supremo, sobre mães de menores de 12 anos, para evitar a prisão processual, isso não se aplica quando a genitora usa as crianças, ou põe as crianças em risco”. Não há informações sobre a prisão dos irmãos.
Também segundo o promotor, a família não só centralizava os trabalhos, como convidava parentes e amigos conforme os integrantes do grupo eram presos.
Os presos - Duas pessoas foram presas em Mato Grosso do Sul na manhã desta segunda-feira (3) durante a operação em Campo Grande e Dourados. Um homem de 28 anos, identificado como Valdisnei Ederson Alves, foi detido por policiais do Defron (Delegacia de Repressão aos Crimes de Fronteira) na cidade a 233 quilômetros da Capital.
Ele era alvo de mandado de prisão e também de busca e apreensão e, Bandeirantes, mas como trabalha em um circo foi encontrado na cidade de Dourados.
Em Campo Grande, Moacir Teixeira de Freitas, de 46 anos, foi preso no local em que trabalhava, no Bairro São Francisco, por policiais do Garras (Delegacia de Repressão de Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). As equipes ainda realizaram buscas na casa dele, no Parque do Lageado.
De acordo com o promotor, Moacir foi apontado como o braço-direito de um dos líderes da quadrilha em Mato Grosso do Sul. Identificado como Sérgio, o homem foi preso durante as investigações do Desarme.
Outros cinco alvos da operação estão foragidos em Mato Grosso do Sul. Um deles foi procurado pelas equipes em Nova Andradina, mas não foi localizado. Seis mandados de busca também foram cumpridos no Estado e nada de ilícito foi encontrado.