Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
Com 238 casos confirmados e nove óbitos por covid-19, Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros onde a doença aparece mais controlada, o que pode causar uma falsa impressão de tranquilidade à população. Infectologista alerta, no entanto, que é preciso manter o isolamento e evitar as “saidinhas” para desestressar.
O Campo Grande News recebeu denúncia de ontem, na Praça do Peixe, no bairro Vilas Boas, que constatou o local lotado e grande parte dos moradores da região ignorando o inimigo invisível que é o novo coronavírus.
O médico Júlio Croda é pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Para ele, sair para desestressar, ter momentos de lazer ao ar livre e ajuntamentos, nesse momento de pandemia, infelizmente, são um risco.
Ele avalia que o Estado adotou medidas de contenção de contágio precocemente, o que faz os números da doença em MS serem ainda baixos, se comparados a outras unidades da federação.
No entanto, a cada dia que a vida “volta ao normal” e ações de afrouxamento da quarentena são aplicadas, todo esforço adotado precocemente pode ser perdido. “Com a diminuição da densidade do isolamento, vai ocorrer aumento importante no número de casos por dia confirmados”, afirma.
E isso, segundo ele, “vai refletir diretamente no número de leitos”, já que quanto mais pessoas infectadas, maior risco de ocorrência de casos graves que demandem internação hospitalar.
Sobre isso, o pesquisador comenta que “se vai ter aumento de casos, vai, é inevitável e daí talvez, a grande discussão passe a ser a capacidade do Estado em atender esses pacientes nos leitos de UTI. O Estado tem uma capacidade boa e tem que ir fazendo o monitoramento bem de perto, porque se essa capacidade for colocada em risco, será preciso retomar o rigor nas medidas de isolamento”, afirma.
Dados de hoje da SES (Secretaria de Estado de Saúde), mostram que Mato Grosso do Sul possui 151 leitos de UTI disponíveis para o tratamento dos pacientes com casos mais graves do coronavírus.
Deste total, até o momento, 4 leitos estão ocupados, ou seja, com uma taxa de ocupação de 2,6%.
Já em relação aos leitos clínicos disponíveis, o Estado tem hoje 866 leitos, com uma taxa de ocupação de 1,2%, o que representa 10 leitos ocupados.
Lazer - Ao comentar sobre a saída de casa para lazer em praças e parque, Croda avalia que é “temerário”, porque “não estamos falando de trabalho, mas de atividades que podem ser prorrogadas para outro momento que não este de pandemia”.
O especialista ainda se mostra preocupado com a forma como a informação da necessidade de ficar em casa e sair o menos possível, chega até a população. “Eu acredito que falta uma comunicação adequada, da União, dos estados, dos municípios, em todos os níveis, na forma de sensibilizar as pessoas”, avalia.
Ele pondera que isso é algo a ser analisado. “Por que essas pessoas não levam a sério a necessidade do isolamento? Por que acham que não é perigoso? Por que uma adesão tão baixa ao isolamento?”, questiona.
Croda ainda reforça que a conscientização pode chegar da pior forma, “ao perder algum conhecido ou familiar com a doença”. Para ele, “quando um maior número de conhecidos ir a óbito a pessoa aprende na prática a sensibilização”.
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