02/02/2014 17h40min - Especiais
12 anos atrás

Lembranças da terra natal! (Prof. Me. Ciro José Toaldo)

PROF. CIRO

Jota Oliveira ► Professor Mestre Ciro José Toaldo.

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Ciro José Toaldo


A cada ano, além de ficarmos mais velhos, vamos aprendendo aonde encontramos os verdadeiros sabores da existência! E, a vivência da infância e adolescência é a grande demonstração dos segredos de nossas raízes. Cada ser humano tem sua experiência em cada uma destas fases da vida, neste artigo procuro relatar algumas experiências pessoais, mas cada leitor é convidado a relembrar sua própria experiência desse tempo que solidificou nosso viver. E, viver é uma arte, onde a infância e adolescência devem ser bem aproveitadas. Quanto a este que escreve, elas foram vivenciadas numa terra abençoada, no interior de Santa Catarina, num local chamado Capinzal. Aliás, escrevo essas linhas devido aos inúmeros sonhos que tenho com essa terra, especialmente na região aonde nasci, nas redondezas de um antigo frigorífico, hoje se encontra desativado. Ali, havia uma grande vila, com várias ruas, muitas casas e com muitos acontecimentos. Ao lado desta vila, estava o frigorífico e também um majestoso rio, chamado de Rio do Peixe e, pasme meus leitores, era um rio tão limpo que avistávamos os peixes, as tartarugas, as lontras e outras espécies de animais que não lembro. Ainda guardo na memória os dias que minha mãe, com suas vizinhas desciam até o rio para lavar a roupa, aquele era um dia de festa e diversão, onde podíamos aproveitar para banhar-se. Noutros momentos fazíamos “arte” tomando banho sem o consentimento de nossa mãe e, isto me levou a ter várias repreensões. Mas, sou grato a minha mãe, era pulso firme e nunca vacilou em sua enérgica educação! Algo que faz falta em nossos dias. Na minha terra natal havia muitos encantos naturais, pois se localiza num vale invejável, muita beleza, grutas naturais e cascatas e, se ainda não são bem exploradas, posso afirmar que em nosso tempo, de nossa forma, soubemos explorar aquelas maravilhas naturais; talvez muitos deles, nem existem mais, dada a interferência humana que leva em conta o equilíbrio natural. São tantas lembranças que nestas linhas não há condição de escrever. Não esqueço a monumental Maria Fumaça que cortava as colinas e, com seu apito inconfundível acordava todos na madrugada! Contar vagões ou pegar uma beira no ultimo cargueiro (quanta falta de juízo) estes eram alguns de nossos divertimentos. Contar estas peraltices aos filhos, nem há emoção, afinal de contas, eles são de uma geração que supervaloriza o celular, o face e outras tecnologias que não compreendem como podíamos ser felizes com aquelas ações! Vivi numa região periférica, entre um frigorífico e uma indústria madeireira, aonde naquele tempo eram comuns as brincadeiras entre as pilhas de tábuas ao relento, bem como nos montes de serragem e os ‘campinhos’ com certo tipo de grama que dava uma coceira imensa. Não tenho que reclamar da infância e adolescência vivida em Capinzal, lá havia uma característica importante, todos eram iguais, não tinha divisão social, racial e outras descriminações, nem a pratica do ‘bulling’ como vemos hoje. Todos eram amigos e brincávamos com alegria, sem ver o tempo passar e com criatividade! São algumas lembranças, ainda existem muitas, inclusive as relacionadas com a escola, mas rememorar um passado que nos solidificou como ser humano é algo muito importante! Não cito nomes nesse artigo, pois não desejo ser injusto, até pelo fato que muitos amigos, vizinhos e conhecidos hoje estão sepultados no cemitério daquela localidade, por isso, este também é um local gostoso para visitar que ajuda rememorar minha história. Se viver é uma arte, temos a obrigação de demonstrar para quem vive atualmente, que não são os bens materiais, a vida aparências ou a queima de etapas da vida (instigada por muitos pais) que irão dar firmeza à existência humana. Quem ainda valoriza o passado, pode encontrar algumas formas de resgatar a qualidade de vida e, quem sabe possamos deixar o individualismo de lado. Viver na individualidade, aonde cada um só olha para seu umbigo é o caminho do que vemos: tragédias e barbaridades! Pensemos nisto, enquanto há tempo! Um abraço! AUTOR: Prof. Me. CIRO JOSÉ TOALDO (Naviraí – MS).