Pessoas fugiam desesperadas, procurando um lugar seguro. [ Reprodução / Google ]
Brigadistas atendiam as vítimas no próprio local do massacre. [ Reprodução / Google ]
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Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
Enquanto o número de mortos e feridos do maior ataque a tiros nos EUA subia para 59 e 527, respectivamente, cerca de 200 curiosos observavam ao longe a cena do massacre, na tarde de segunda (2), contidos por um cordão policial instalado em plena Strip, famosa avenida de cassinos e hotéis de Las Vegas.
Todos os olhares e câmeras miravam a pequena janela estilhaçada no 32º andar do imenso paredão dourado do cassino e hotel cinco estrelas Mandalay Bay, quebrada pelo atirador Stephen Paddock, 64, para efetuar os disparos.
Ele atirou contra a multidão que assistia a um festival de música country do outro lado da rua, na noite de domingo (1º), e foi encontrado morto pelos policiais dentro de seu quarto.
Mais de 22 mil pessoas estavam no show na hora do ataque. A avenida Strip vive apinhada de pedestres, e o cassino possui uma agenda de espetáculos que inclui atrações como o Cirque du Soleil, a cantora Janet Jackson e a banda Arcade Fire.
"Não sabíamos de onde vinham os tiros, mas eles pareciam cada vez mais próximos. Nos escondemos num depósito atrás do bar e ouvimos disparos atingindo a estrutura", disse à Folha a bartender Lindsay Testai, 30, que trabalhava no festival. "Vi mortos e feridos deitados, mas a rapidez de resposta dos policiais e paramédicos foi incrível [...] O choque de ontem ainda é muito concreto."
Não estava clara a motivação do assassino, um contador aposentado que morava na cidade de Mesquite, a 120 km de Las Vegas. Paddock não tinha passagem pela polícia e foi encontrado no hotel com ao menos 20 armas, incluindo alguns fuzis.
Na casa dele, outras 18 armas e explosivos foram encontrados, de acordo com a agência Reuters.
Segundo reportagem da NBC News, Paddock havia passado as últimas semanas jogando em cassinos de Las Vegas, gastando até US$ 30 mil por dia.
O Estado Islâmico chegou a reivindicar o massacre, mas o FBI disse não haver evidências de ligações entre Paddock e o grupo extremista.
"Passamos de carro na hora e até filmamos. Achamos que eram fogos de artifício ou alguma batida de carro porque tudo aqui nos EUA é sempre exagerado", contou o brasileiro Luis Fiachetti, 42, que veio à cidade para uma conferência de jogos parcialmente cancelada.
"Mas quando voltamos ao nosso hotel, a poucas quadras, falavam em ataque terrorista, em bombas em outros locais, era um pânico geral e havia muitos, muitos policiais. Não nos deixaram mais sair do quarto até as 4h."
CAÇA-NÍQUEIS
No cassino e hotel de temática egípcia Luxor, vizinho ao Mandalay Bay, turistas perambulavam pelos salões e jogavam nas máquinas de caça-níqueis como se fosse um dia normal, apesar de as mesas de jogos estarem fechadas desde o tumulto da noite anterior, quando o cassino foi esvaziado por motivos de segurança.
O Mandalay Bay continuava parcialmente fechado na noite de segunda. O andar do cassino estava às moscas. Apenas alguns jogadores usavam caça-níqueis.
Um casal de escoceses contou que houve um novo episódio de pânico na manhã de segunda, quando tomavam café da manhã no Luxor e uma pessoa passou correndo.
"No fim, não era nada, mas todo mundo começou a correr e tivemos de ser retirados de novo pela segurança. Nos esconderam atrás da piscina", disse Graham Rae, que veio comemorar o aniversário de 60 anos na cidade com a mulher. "Ontem, vimos tudo pela televisão. Vamos continuar em Vegas, mas hoje passaremos o dia bem longe."
Além dos cassinos, Las Vegas, apelidada de cidade dos pecados, é conhecida pelas casas de strip tease, pelos campos de tiros e, desde julho, pela legalização da maconha recreativa.
A cidade fica no Estado de Nevada, onde há maior facilidade para comprar armas, embora seja preciso comprovar residência nessa região.
Para o estudante iraniano de psicologia Ehsan Khouzani, 38, o fato de muitas igrejas locais pregarem o fim dos "pecados", às vezes de forma agressiva, pode ser um "empurrão para lunáticos armados como o de ontem", disse.
"Os EUA são um país incrível, mas esses malucos e essas leis de porte de arma são um problema sério. Dá medo."
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