ilustração/arquivo ► Menina descobriu a gravidez em um posto de saúde
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
Uma menina de 10 anos de idade, moradora em Dourados, a 233 km de Campo Grande, está no quinto mês de gestação e o principal suspeito de ter estuprado a criança é o próprio pai dela.
A família indígena mora na aldeia Bororó e a mãe da menina diz que não sabia do estupro e nem desconfiava que a filha estivesse grávida.
O caso foi descoberto na sexta-feira, dia 15, quando a criança foi levada pela mãe a um posto de saúde da aldeia Bororó para tomar vacina contra a gripe. Os índios estão entre os grupos considerados prioritários pelo Ministério da Saúde e podem ser vacinados na campanha nacional contra a influenza.
Os profissionais de enfermagem desconfiaram do tamanho da barriga da menina e a levaram para o médico do próprio posto de saúde. O exame preliminar confirmou a gestação e os funcionários da unidade acionaram o Conselho Tutelar.
Comoção e revolta – “Quando chegamos ao local a criança contou que tinha sido estuprada pelo pai. Ela diz que o estupro ocorreu só uma vez, mas a menina ficou grávida. É uma situação que nos causa sentimento de comoção e revolta ao mesmo tempo, por se tratar de uma criança”, afirmou ao Campo Grande News o conselheiro Nelson Amaral de Assunção, que fez parte da equipe que foi à aldeia para registrar o caso.
A criança e a mãe foram levadas pelos conselheiros até a sede do órgão em Dourados, onde a menina contou a história. Ela disse que o estrupo teria ocorrido numa determinada tarde quando mãe saiu e a deixou sozinha com o pai. A menina disse que o pai não bebe e não é violento.
Após o relato aos conselheiros, a menina foi levada para a Delegacia de Atendimento à Mulher, onde foi feito um boletim de ocorrência. Em seguida ela foi levada ao médico legista da Polícia Civil para fazer o exame de conjunção carnal, procedimento de rotina nesses casos.
Na casa da avó
Como o pai continuava em casa, a criança foi levada pelo Conselho Tutelar para a casa da avó, também na reserva indígena de Dourados. Hoje uma equipe de conselheiros voltou ao local para saber se a menina continuava lá ou se tinha retornado para a casa dos pais. Mas ela continua com a avó.
O pai, acusado de estuprar a filha, teria fugido depois que ficou sabendo que a criança está grávida. O Campo Grande News procurou a Delegacia da Mulher para saber se houve pedido de prisão do suspeito, mas a delegada titular, Rozeli Dolor Galego, não foi encontrada porque teria ido ao Fórum.
Querem a criança
Nelson Assunção informou que o caso também foi comunicado à Promotoria de Justiça e surgiu a indagação se poderia ser feito um pedido à Justiça para interrupção da gestação. Entretanto, tanto a menina quanto a mãe dela não aceitam falar em aborto.
“Elas falam que querem a criança. A mãe disse que o pai vai sair de casa, preso ou não, e que ela vai ficar com a filha e o neto”, contou o conselheiro. A menina já está sendo atendida pelo médico da aldeia e também será acompanhada pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).
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