01/09/2025 09h30min - Polícia
5h atrás

Mês de proteção a mulher termina com 4 feminicídios e 6 tentativas

Crimes ocorreram em 4 cidades e vitimaram tinham de 22 a 46 anos

Reprodução CGNews ► Mapa da violência contra mulher em todo Estado preocupad autoridades

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News


Agosto, mês marcado pela campanha de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, encerra com um dado alarmante. Mesmo durante ações de prevenção, quatro mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul.

Com isso, o número de assassinatos no Estado chega a 24 entre janeiro e 31 de agosto de 2025. Somente neste mês foram 6 tentativas de feminicídio, num total de 49  no ano, até a publicação desta reportagem.

Os casos ocorreram em diferentes cidades e incluem situações em que crianças presenciaram os crimes. Na zona rural de Corumbá, a 428 km de Campo Grande, Salvadora Pereira, de 22 anos, foi morta com um tiro no rosto pelo companheiro em 2 de agosto. O crime foi presenciado por cinco crianças que estavam na residência, dois filhos da vítima e três do autor, José Cliverson, preso em flagrante. O filho mais velho, de oito anos, foi quem chamou o Corpo de Bombeiros.

Em Cassilândia, a 419 km da Capital, Letícia Ferreira Araújo, 25 anos, foi morta pelo marido, Vitor Ananias de Jesus, da mesma idade. Na noite de 9 de agosto, ela foi atropelada pelo companheiro e morreu no local. 

Antes do crime, Letícia tentou acionar a Polícia Militar por telefone, mas a ligação caiu durante a discussão. O feminicídio foi presenciado pelo filho do casal, de seis anos. Vitor foi preso em flagrante, e a Justiça manteve a prisão preventiva.

Desaparecida desde 5 de agosto, Dahiana Ferreira Bobadilla, 24 anos, foi encontrada morta em 8 de agosto. Seu corpo estava enterrado em uma cova rasa próxima ao Rio Apa, em Bela Vista, a 324 km de Campo Grande. Segundo familiares, Dahiana havia saído para comprar alimentos e vinha sendo ameaçada pelo ex-companheiro, Dilson Ramão Fretes Galeano, de 22 anos.

Já em Bataguassu, no Leste do Estado, Érica Regina Moreira Motta, 46 anos, ficou em cárcere privado por pelo menos dois dias antes de ser morta a facadas. O autor, Vagner Aurélio Fernandes dos Santos, 59 anos, foi preso minutos depois no terminal rodoviário da cidade, com roupas sujas de sangue e um ferimento na cabeça, enquanto tentava fugir.

Além dessas mortes, agosto registrou 6 tentativas de feminicídio no Estado, entre elas o caso da adolescente de 14 anos que sofreu queimaduras de 2º e 3º graus após ter o corpo incendiado pelo namorado. O fato ocorreu em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

Balanço de janeiro a agosto

Levantamento feito pelo Campo Grande News mostra que os crimes cometidos até agora, de janeiro a 31 de agosto, ocorreram em 18 cidades, evidenciando a dimensão da violência contra mulheres em Mato Grosso do Sul. A média é de três mortes por mês em 2025, vitimando inclusive uma bebê de dez meses.

O caso foi o duplo feminicídio que matou Vanessa Eugênia Medeiros, 23 anos, e a filha, Sophie Eugênia, de 10 meses, em 26 de maio. Segundo investigações, o suspeito, João Augusto Borges de Almeida, de 21 anos, esganou a esposa e a filha durante o intervalo do trabalho e depois retornou normalmente ao expediente. No fim do dia, levou os corpos a um matagal no Indubrasil e ateou fogo.

Conforme o levantamento, as idades das vítimas variam de 10 meses a 65 anos, mas a maioria tinha entre 20 e 40 anos, faixa que concentra mais da metade dos casos. Entre os autores, estão companheiros, pai, irmão e até filho.

O mês mais letal foi maio, com seis assassinatos, sendo quatro ocorridos entre 23 e 26 de maio. Em seguida, vem fevereiro, com cinco casos. Junho e julho registraram três mortes cada, enquanto agosto soma quatro casos até o momento.

Campo Grande teve o maior número de ocorrências, com quatro mortes. Outros municípios de médio porte, como Dourados, Corumbá e Cassilândia, também registraram casos. A violência não se restringe ao interior ou às grandes cidades, atingindo áreas rurais, assentamentos e aldeias indígenas.

Fonte campograndenews.com.br