Divulgação ► Lula foi alertado sobre possíveis atos "inadequados" que poderiam ser considerados tentativa de intimidação às autoridades da Operação Lava Jato.
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Midiamax News
Perto do fim do interrogatório de mais de cinco horas de duração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizado na sede da Polícia Federal de Curitiba pelo juiz Sérgio Moro, na última quarta-feira (10), o petista foi alertado sobre possíveis atos "inadequados" que poderiam ser considerados tentativa de intimidação às autoridades da Operação Lava Jato.
Os episódios de possíveis intimidações foram lembrados pelo juiz Moro. São citadas a vez em que Lula disse que poderia "mandar prender" os procuradores que o investigam, que "lembraria dos delegados" o que conduziram coercitivamente, que só ele poderia "brigar" com a Lava Jato, além de processos movidos pela defesa de Lula que formam consideradas "agressivas" por Moro.
Em dado momento do interrogatório, o juiz questionou o ex-presidente se suas ações de pedido de indenização contra o ex-senador Delcídio do Amaral, contra um delegado, um procurador da República e contra o próprio juiz, foram mesmo de sua escolha.
A defesa de Lula o aconselhou que não respondesse esse tipo de pergunta. Moro ainda insistiu que, mesmo que não quisesse responder os questionamentos, o rito processual determinava que o ex-presidente deveria dizer "Não vou responder". Foi o que o petista disse.
Lula só respondeu quando foi questionado sobre sua condição coercitiva no Aeroporto de Congonhas. Moro questionou se o ex-presidente teria dito aos policias que cumpriram a condução "que seria eleito em 2018 e lembraria de todos eles".
"Não, não lembro se eu disse ou não. Mas eu posso dizer agora, eu estava encerrando a minha carreira política já há tempo porque se eu queria ser candidato eu seria em 2014. Mas agora depois de tudo que está acontecendo eu estou dizendo em alto e bom som que eu vou querer ser candidato a presidente da República outra vez", respondeu o ex-presidente.
O juiz foi questionado pelo advogado de Lula, Cristiano Zanin, se era necessário utilizar no interrogatório uma pergunta sobre um tema que já havia gravação em análise, no caso, o depoimento de Lula à Polícia Federal.
Moro questionou então o ex-presidente sobre o que quis dizer com suas falas proferidas em um discurso, no dia 5 de maio, em que disse que "Se eles [os procuradores da Lava Jato] não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam".
"Eu quis dizer o seguinte. A história não para com esse processo, a história um dia vai julgar se houve abuso ou não de autoridade nesse caso do comportamento, tanto da Polícia Federal quanto do Ministério Público, no meu caso.", respondeu o petista.
"Acha apropriado um ex-presidente da República dizer isso?", seguiu Moro. "Acho que não, acho que não", respondeu Lula. A declaração ocorre em meio a tramitação no congresso da Lei de Abuso de Autoridade, que poderia tornar crime atos considerados abusivos praticados por procuradores e investigadores.
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