Reprodução/TV Globo ► Corpo de Gegê do Mangue foi encontrado no dia 16 de fevereiro em Fortaleza.
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tem faturamento estimado de, no mínimo, R$ 400 milhões por ano. De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, alguns policiais acreditam que esse número pode chegar a cerca de R$ 800 milhões, o que colocaria o PCC entre as 500 maiores empresas do País.
A investigação desencadeada após a execução de Rogério Jeremias de Simone (Gegê do Mangue) também revelou remessa para doleiro de São Paulo. Foram mais de R$ 4 milhões em duas semanas.
Conforme a reportagem, o PCC entregava reais ao doleiro e recebia dólares, por meio do sistema dólar cabo (o cliente entrega o dinheiro em reais aqui no Brasil e recebe os dólares no exterior), na Bolívia e no Paraguai, para pagar a produção de cocaína e maconha. O sistema de lavagem da facção inclui ainda a compra de postos de gasolina.
No mês de março, em entrevista ao Campo Grande News, o promotor Lincoln Gakiya, que atua no Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado ) de Presidente Prudente (SP) e investiga a facção criminosa desde 2005, afirmou que Gegê e Fabiano Alves de Souza (Paca) foram enviados ao Paraguai após a execução de Jorge Rafaat, morto numa rua de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira seca com Ponta Porã, no mês de junho de 2016.
Na sequência, os dois líderes foram encontrados mortos no dia 16 de fevereiro em uma reserva indígena de Fortaleza, capital do Ceará. Até março, Mato Grosso do Sul era o terceiro Estado no ranking do “partido”, atrás de Paraná e São Paulo. E passa por aqui o tráfico de drogas, principal fonte de receita do PCC.
A facção criminosa chegou a Mato Grosso do Sul no ano 2000, quando São Paulo transferiu lideranças. Em seis meses, um grupo de cinco presos já tinha seu exército local. Seguindo uma metodologia e com dinheiro, foram batizando os “soldados”.
Tráfico e doleiro - A operação Efeito Dominó, realizada em 15 de maio pela PF (Polícia Federal), mostrou a convergência de interesses do tráfico e de doleiros para lavagem de capital. A ação prendeu duas pessoas em Mato Grosso do Sul.
Na simetria de interesses entre o tráfico e doleiros, a investigação aponta de um lado a necessidade de disponibilidade de grande volume de reais em espécie para o pagamento de propinas à clientela dos doleiros.
Do outro, traficantes internacionais como Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, que possuíam disponibilidade de recursos em moeda nacional e necessitavam de dólares para efetuar as transações internacionais com fornecedores de cocaína.