ValdenirRezende ► Sistema foi criado há 6 anos
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
Com base nas próprias experiências pessoais e profissionais, o investigador da Polícia Civil, Amarildo Rodrigues da Silva, 36 anos, inventou dispositivo capaz de resolver o problema de alagamentos e falta de água em Campo Grande. Há seis anos ele começou a trabalhar no aparelho que coleta água da chuva diretamente das calhas, purifica e despeja na caixa d´água ou outro reservatório.
A longo prazo, a invenção gera economia para os moradores e também para o Estado, que deixa de gastar recursos com obras e reparos. Casos de famílias desabrigadas e prejuízos causados pelas forças da natureza têm sido comuns em todo Mato Grosso do Sul, e noticiados quase que diariamente pelo Portal Correio do Estado.
A ideia, segundo o inventor, surgiu com incentivo da avó, já falecida, a partir de uma brincadeira feita por ela. “Certa vez fui ajudá-la a sair de uma cadeira na varanda, por causa da chuva forte, e ela brincou e disse que se eu quisesse ajudar as pessoas, deveria ensacar a água e vender. No começou não entendi o que ela quis dizer, mas depois eu compreendi o significado da mensagem e passei a buscar meios de oferecer alguma opção que pudesse, de fato, trazer benefícios para a comunidade”, relatou.
O policial, que também é bacharel em Direito, usou os conhecimentos em elétrica e hidráulica que obteve trabalhando em construções desde os 9 anos de idade, aliou isso às técnicas que aprendeu com inventores enquanto era funcionário de uma empresa em telecomunicações, e finalmente, conseguiu desenvolver o aparelho. Além da dica da avó, também viu na própria dificuldade uma possibilidade. “Cresci vendo minha casa ficar alagadas em dias de chuva. Tinha que fazer algo para mudar isso”.
O objetivo é oferecer alternativa sustentável a pessoas de baixa renda, tendo em vista que o investimento será relativamente baixo, cerca de R$ 1 mil, se comparado a sistemas alternativos como as cisternas, que chegam a custar R$ 10 mil, além de gerar menor impacto ambiental. “Não será necessário abrir buracos no solo como fazem com as cisternas. O aparelho é do tamanho da CPU de um computador e pode ser facilmente instalado, sem necessidade de quebrar paredes”, explicou.
CRIAÇÃO
Curioso, o bacharel criou então, há seis anos, o primeiro dispositivo que consequentemente traria mais três versões aperfeiçoadas. O sistema é muito simples: uma bomba de sucção puxa a água da chuva nas calhas, envia a um reservatório de filtragem de resíduos sólidos e purificação, e em seguida transfere para outro filtro antes de finalmente chegar à caixa d’água.
Este primeiro modelo funciona a partir de energia elétrica e, apesar do baixo consumo, gera custo extra. Assim, foi aos poucos sendo melhorado. A segunda versão tem o mesmo princípio e funcionalidade, porém, vem com uma bomba de aceleração capaz de esvaziar as calhas mesmo em dias de verdadeiros temporais. “Quanto mais forte fica a chuva, mais rápido a bomba trabalha para coletar a água, sem desperdícios”, explica o inventor.
As outras duas versões seguintes funcionam de maneira semelhante à segunda, mas com inovações que as fazem operar de modo independente. Em uma delas, a força da água gera energia elétrica para possibilitar o funcionamento - dispensado o uso da energia fornecida pela concessionária. Na outra, a força da água gera energia mecânica que garante o funcionamento.
A água armazenada pode ser usada depois para tarefas domésticas como lavagem de roupas, louças, calçadas, carros, banhos, banhos em animais domésticos e afins. O consumo humano ainda não é autorizado. “São essas atividades que geram maior consumo em uma residência, por isso, digo que a economia pode ser sentida logo nos primeiros dias”.
Amarildo explica ainda que luta agora para difundir a invenção. Quanto mais casas tiverem esta opção sustentável, mais o meio ambiente será beneficiado. “Vejo que há muitos pontos positivos. As pessoas conseguem o retorno do investimento em seis meses. Em casa, por exemplo, as contas de água baixaram de R$ 270 para o consumo mínimo”.
Além disso, a água retirada da calha não vai para a rua e evita enxurradas e alagamentos, fazendo com que os órgãos públicos não tenham gastos com prejuízos de temporais. “Para que haja de fato esta contribuição, é preciso que o aparelho se torne popular e chegue ao maior número de lares possível. Vale lembrar que quem tem alguma iniciativa sustentável em seu imóvel, tem direito de conseguir desconto no IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano]”.
PARCERIAS
Os projetos estão prontos e patenteados, mas o inventor estuda parcerias para tornar a comercialização viável para pessoas de baixa renda. “O rico tem condição de investir, mas é preciso que pessoas menos favorecidas, que ganhem um salário mínimo, também tenham chance de economizar. Por isso, espero que alguma empresa interessada no projeto entre em contato para discutirmos parcerias”, completou. Para contato, o policial disponibiliza o telefone (67) 9149-3304.
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